quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Cafa Profissional

Ele me engole com os olhos!
É aquele olhar profundo mesmo! Que arranca a roupa, a calma, a paz, o ar...
E assim mesmo que ele me deixa quando olha daquele jeito. Pelada e totalmente desarmada. Pronta para levar o bote.
Presa fácil para um cafajeste profissional. Ele sabe que provoca essa inércia. Faz isso com todas. O pior é que todas se sentem especiais de alguma forma.
Ele hipnotiza e depois ataca. É o ritual que ele segue para acabar com a sua vida.
Fala o que você quer ouvir. E fala rindo como se estivesse dizendo: “Eu to brincando, mas pode levar a sério se você quiser! Eu posso ser o amor da sua vida, mas só hoje”. É uma pena que na parte do “mas só hoje” você já ta surda, cega e muda! Já está sentindo o que você nem sabia que existia e faz coisas que até o seu coração assusta.
Vai ver é isso. Ele te dá coragem e fica fácil agir quando se tem certeza do “sim” do outro lado.
Bonito, educado, engraçado, solícito, tarado e cafajeste!
Não tem como fugir do último quesito.
Ele é cafa e não esconde que é. E você sabe que ele é cafa e não se esconde dele.
Pode até fazer mil promessas para não se entregar, mas sempre pensa: “Eu sei que não posso me apegar, mas vou me divertir só por hoje!” E para variar sempre esquece o final!
O “só por hoje” repete-se por tantos dias que você esquece também do último quesito e se apaixona.
Quer dizer... Elas se apaixonam. Eu não me apaixono!
O manual do Cafa que ele aplica na vida fui eu que escrevi!
Quer saber? Hoje eu não vou ser dele, só por hoje!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Vovó





Saudade de ver você cuidando de mim. Se preocupando com o que eu ia comer e que horas isso ia acontecer. Saudade de te ouvir brigando com as panelas logo cedo e, ao mesmo tempo, preocupada em não me acordar antes do horário do colégio. Saudade das manhãs que tomávamos café juntas. Saudade de ouvir você dizer orgulhosa que eu estava crescendo e conquistando o meu espaço. Saudade das nossas conversas de madrugada. De ceder a minha cama para a senhora. De ouvir seus conselhos, suas reclamações e seus elogios. Saudade de ver a senhora tomar refrigerante no copo pequeno porque ia beber pouco e temperar a salada em prato separado. Saudade dos seus carinhos. Dos seus cafunés. Do seu abraço. Do seu beijo de bom dia. Do macarrão que não existe igual no mundo. Das vezes que me benzeu e disse para eu ter cuidado com os outros. Saudade de quando a senhora estralava os meus dedos do pé e da mão. De quando fazia cócegas, que pareciam mais carinhos, para eu dormir. Dos banhos de banheira no quintal com permaganatu. Das broncas quando eu aprontava. Das preocúpações com ou sem sentido. Dos mimos que recebia diariamente. Dos presentes mais lindos e doces que já recebi na vida. Saudade de quando a senhora comprou o primeiro sutiã e o primeiro pacote de absorventes. De me cobrir a noite. Saudade do seu "Eu te amo" tímido mas cheio de verdade e ternura! Enfim, Saudade de VOCÊ!!!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Oculta

Lá vai a menina.
Ela coloca a fantasia de mulher segura, um MP4 no ouvido e segue com passos firmes para mais um dia de trabalho. No trajeto ela reavalia sua vida profissional, doméstica, familiar e amorosa. Faz planos concretos, mas os monta sobre uma base oca.

Sobre o trabalho ela avalia que está bem, mas que precisa melhorar! Sempre...

Sobre a família ela pensa que precisa ser mais presente e fica planejando uma visita na casa da tia.

Sobre o lar ela mentaliza todas as tarefas que fará após o expediente e lembra que precisa passar no mercado.

Sobre a vida amorosa ela decide que é melhor não se questionar e adota a postura prática e racional de não pensar no assunto.

A menina faz jus à fantasia que usa. Uma atriz de deixar Claudia Abreu, Glória Pires e Fernanda Montenegro morrendo de inveja.

Ela esconde a menina atrás do salto e a insegurança atrás da maquiagem.

O dia acaba.
O salto quebra e a maquiagem borra e lá vai a menina novamente.

Despindo a fantasia pelo caminho e com o mesmo MP4, mas dessa vez com passos mais leves.

Ela vai pensando que precisa ver a tia, mas no só no outro sábado, porque nesse final de semana ela vai viajar.

Ela lembra que tinha que arrumar a casa, mas vai deixar para segunda-feira, pois precisa arrumar a mala.

Ela decide que vai ligar para Ele, pois abandonar a prática e a razão de vez em quando é a coisa mais normal e humana do mundo.

Ela também avalia que está bem no trabalho, mas precisa melhorar!
Sempre...
...mas só segunda-feira!